domingo, 27 de março de 2016


New As Known



quinta-feira, 9 de julho de 2015

Uma breve história entre o Café e a Janela


Oscilando, a fumaça vai subindo..
O copo, antes térmico, já é todo calor e fumaça e café.
Preto, calmo, aguarda bem perto dos livros.

Meus olhos, na janela.
Minhas mãos, na mesa, vão parando de se agitar.
Meus pés, no chão de madeira, já não sentem mais o frio de sempre.
Sentem o espaço entre os tacos.

Não estou piscando faz um tempo,
Alguém na sala, em segundo plano, fala algo nesse sentido.
Não dou a mínima, claro, mas obrigado por me lembrar.
A educação opera em um sistema independente e instintivo..

A mão procura a xícara, mas toca no livro.
Faz com que os olhos deixem a janela por um segundo.
"Uma breve história do mundo", sussurra a capa do livro.
sorriso de canto de boca.

Mão na xícara, xícara na boca, pés nos entalhes.
Olhos na janela, ela.
Azul que traz o laranja que molda o vermelho que mata a tarde.
A xícara nem volta à mesa e já é noite.
O preto está por toda parte, menos na sala de estudo.
A fumaça se foi, o café permanece. ece.
E eu querendo saber da janela
e do seu eco.

domingo, 15 de março de 2015

Navegando

O que pensar de nós, do mundo?
Tantos espaços, retratos e letras
Que ficam esquecidos no passado
O que pensar do Eu?
As memórias inesquecíveis, as dores do amargor
Isso poderia ser riscado
Levado pelo vento ao mundo do esquecimento
Lugar das lembranças tendenciosas
Que continuam perpétuas em nossa mente
As lembranças são levadas pela barca de Caronte
E quando se chega ao destino
Não nos despedimos, ficamos mudos
Sem pensamentos incessantes
Tudo fica escuro
Sem som, sem barulho
Será a Paz?
Apagar pensamentos que não enfrentamos
Dizer adeus ao que incomoda
Trará a Paz?
A vida como o filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças
E sem coragem
Controlar o pensamento
Viver o sentimento
Deixando ele ir embora por si só
É olhando para a barca de Caronte
Que dou Adeus ao que não quero pensar mais
ou até logo...
Todos os nossos passos escritos em uma
Divina comédia.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Esse Quam Videri

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

sábado, 9 de agosto de 2014

Quote of the day



"- O homem só tem uma escapatória do seu velho eu:
Ver um eu diferente no espelho dos olhos de alguma mulher."

Clare Boothe Luce


sábado, 26 de julho de 2014

O Criador de nuvens

Estava nublado.. Fazia muito tempo.



   Acontece que no mundo, todos temos uma funçãozinha chave. Longe dos holofotes, a funçãozinha daquele senhor, já marcado pelo tempo, era a de criar nuvens. "Ora, um criador de nuvens que se preze deve ter qualidades e responsabilidades que o qualificam a ocupar esse ofício." disse certa vez a uma jornalista, que por sua vez, tinha um dos ofícios mais quentes do momento: O de informar, esclarecer e entreter todos os outros bilhões de "funcionários". Mas isso foi a muito tempo.
    Ana não fazia isso pelo público, apesar de ser paga por isso. Fazia por si só. E, não por acaso, começara a sua própria matéria: sobre as funções mais peculiares do momento, ou apenas inusitadas. Fascinada, mas cética em relação ao jovem criador de nuvens, lhe fazia as mais diversas e complicadas perguntas. Ao término de uma tarde inteira de entrevistas, ela confessou ter encontrado uma pessoa diferente de qualquer outra que já houvesse conhecido. Rabiscou algo em seu caderninho. E sumiu.
    A verdade é que o tempo não espera ninguém.. e não tardou em passar. Logo, o garoto avoado virou um jovem sonhador, que por sua vez, deu lugar a um senhor poeta. O Jovem sonhador, sempre presente nas acaloradas entrevistas com Ana, gostava de lembrá-la da importância daquele modo de vida. "É mais que uma profissão", disse, ainda olhando para os olhos dela, que brilhavam. "Carrego sonhos." O Engraçado é que nunca ninguém o havia questionado quanto ao processo de criar uma nuvem, nem mesmo Ana. Estavam interessados em discutir, sem compromisso, e já sem as suas vestes sociais, as suas visões de mundo. E passavam horas a fio, tecendo e desfiando ideias.
    A verdade é que o tempo não pára. A não ser por uma palavra: Saudade. "Ela faz as coisas pararem no tempo." dizia sempre o Criador de nuvens, mais senhor poeta do que jovem sonhador. Ana, com o passar do tempo resolveu o entrevistar para sempre, e até oficializou isso em algum cartório da cidade. Teve no civil e no religioso. Apesar de ela ser cética em relação a esse negócio de civilidade. Seguiam entrevistando-se. E o jovem poeta, ou senhor sonhador chegou mesmo a mostrar para o mundo o seu método, muito semelhante ao usado para se fazer algodão doce. Mas era diferente. Fazia nuvens, das brancas, das cinzas, daquelas em forma de coelho, daquelas que não tem forma alguma. Era uma arte.
    E quando a saudade foi ficando maior que a realidade, a profecia daquele senhor se cumpriu. E ele parou no tempo. De olhos abertos, fitando os olhos dos sonhos e com um sorriso entreaberto no rosto ele passou a ser maior que o tempo. Atemporal. Ana já tinha passado por essa fase, alguns anos antes, de cabelos brancos e com o mesmo sorriso entreaberto nos lábios arroseados.
     A verdade é que o tempo não espera ninguém... e não tardou em passar. Logo, o controle geral das nuvens parou de funcionar corretamente. E nuvens demais saíram pela chaminé daquela casa.

   Estava nublado. Fazia muito tempo.
e os funcionários do mundo todo reuniram esforços para automatizar o processo de fazer nuvens.
E não é que conseguiram ?!
Aos poucos foram ganhando os céus. Ralas e genéricas nuvens cor-de-marfim.
As brancas se perderam com o tempo e as de coelho, fugiram.

Já pelos olhos dos dois.. tudo permanecia, exatamente como tinha parado.
A verdade, é que fugiram dali.