sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Esse Quam Videri

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

sábado, 9 de agosto de 2014

Quote of the day



"- O homem só tem uma escapatória do seu velho eu:
Ver um eu diferente no espelho dos olhos de alguma mulher."

Clare Boothe Luce


sábado, 26 de julho de 2014

O Criador de nuvens

Estava nublado.. Fazia muito tempo.



   Acontece que no mundo, todos temos uma funçãozinha chave. Longe dos holofotes, a funçãozinha daquele senhor, já marcado pelo tempo, era a de criar nuvens. "Ora, um criador de nuvens que se preze deve ter qualidades e responsabilidades que o qualificam a ocupar esse ofício." disse certa vez a uma jornalista, que por sua vez, tinha um dos ofícios mais quentes do momento: O de informar, esclarecer e entreter todos os outros bilhões de "funcionários". Mas isso foi a muito tempo.
    Ana não fazia isso pelo público, apesar de ser paga por isso. Fazia por si só. E, não por acaso, começara a sua própria matéria: sobre as funções mais peculiares do momento, ou apenas inusitadas. Fascinada, mas cética em relação ao jovem criador de nuvens, lhe fazia as mais diversas e complicadas perguntas. Ao término de uma tarde inteira de entrevistas, ela confessou ter encontrado uma pessoa diferente de qualquer outra que já houvesse conhecido. Rabiscou algo em seu caderninho. E sumiu.
    A verdade é que o tempo não espera ninguém.. e não tardou em passar. Logo, o garoto avoado virou um jovem sonhador, que por sua vez, deu lugar a um senhor poeta. O Jovem sonhador, sempre presente nas acaloradas entrevistas com Ana, gostava de lembrá-la da importância daquele modo de vida. "É mais que uma profissão", disse, ainda olhando para os olhos dela, que brilhavam. "Carrego sonhos." O Engraçado é que nunca ninguém o havia questionado quanto ao processo de criar uma nuvem, nem mesmo Ana. Estavam interessados em discutir, sem compromisso, e já sem as suas vestes sociais, as suas visões de mundo. E passavam horas a fio, tecendo e desfiando ideias.
    A verdade é que o tempo não pára. A não ser por uma palavra: Saudade. "Ela faz as coisas pararem no tempo." dizia sempre o Criador de nuvens, mais senhor poeta do que jovem sonhador. Ana, com o passar do tempo resolveu o entrevistar para sempre, e até oficializou isso em algum cartório da cidade. Teve no civil e no religioso. Apesar de ela ser cética em relação a esse negócio de civilidade. Seguiam entrevistando-se. E o jovem poeta, ou senhor sonhador chegou mesmo a mostrar para o mundo o seu método, muito semelhante ao usado para se fazer algodão doce. Mas era diferente. Fazia nuvens, das brancas, das cinzas, daquelas em forma de coelho, daquelas que não tem forma alguma. Era uma arte.
    E quando a saudade foi ficando maior que a realidade, a profecia daquele senhor se cumpriu. E ele parou no tempo. De olhos abertos, fitando os olhos dos sonhos e com um sorriso entreaberto no rosto ele passou a ser maior que o tempo. Atemporal. Ana já tinha passado por essa fase, alguns anos antes, de cabelos brancos e com o mesmo sorriso entreaberto nos lábios arroseados.
     A verdade é que o tempo não espera ninguém... e não tardou em passar. Logo, o controle geral das nuvens parou de funcionar corretamente. E nuvens demais saíram pela chaminé daquela casa.

   Estava nublado. Fazia muito tempo.
e os funcionários do mundo todo reuniram esforços para automatizar o processo de fazer nuvens.
E não é que conseguiram ?!
Aos poucos foram ganhando os céus. Ralas e genéricas nuvens cor-de-marfim.
As brancas se perderam com o tempo e as de coelho, fugiram.

Já pelos olhos dos dois.. tudo permanecia, exatamente como tinha parado.
A verdade, é que fugiram dali.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Uma linha por vez e...

Cada traço, um espaço.. em branco.
Cada linha, uma sina... e tanto.

Cada passo, incerta rotina..
Num compasso
  de dança e rima.

Poesia não se faz com as mãos..
nem com linhas.

De uma vez, afoga.
Dá curto, dá tilt.
e quase sempre insistimos nisso.

Não !
Pondera,
e aos poucos, Afaga.
Preenche,
Que o gosto da próxima linha em branco
é o que faz o tempero do texto inteiro.

Uma frase por vez, sem escolher tanto as palavras.
Deus nos deu essa capacidade.
Existe um mar entre exagerar e ser prolixo.
Ah baudelaire.. você estava certo :
"Homem livre, tu sempre gostarás do mar."

Sem por nem tirar
Quero o céu, quero o mar
Quero a razão confrontada,
Quero por o pé na estrada,
Sentir a mão suar..
O Sangue esquentar..
Viver,
nascendo de novo

todo dia.

Charles Baudelaire

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Mar de nós..

Sem explicação prévia..

Sem limitação..

Mar de nós
que não congela, mas não evapora.
Permanece líquido, incerto,
Como se abrigasse todas as possibilidades do planeta.
Mas só precisamos de uma
para enfim, fazer esse mar confundir-se com o céu em que pisamos..
Fazer tudo um só.

Sem horizonte definido.






segunda-feira, 16 de junho de 2014

O Amor

O amor  é real
o amor está presente
mas o amor não é bem como pensamos

O amor não natural
O amor diferente
O amor por qual tanto ansiamos

O amor que eu quero que você conheça
esteja onde estiver
O amor que eu quero que aconteça
quando o tempo melhor vier

O amor perfeito
O amor que espera
O amor que me levará aonde eu devo ir

O amor que em tudo dá um jeito
O amor que tudo supera
O amor que te trará até mim

O amor que age com respeito
O amor  que me tira o medo
O amor que me faz renunciar um beijo
ou três, quatro, infinitos

O amor que talvez nunca na terra eu entenda
Mas que ainda assim posso viver
O amor, o amor, o amor!
o amor mudador
O amor que se baseia em Cristo
na confiança que Ele pode dar
O AMOR QUE NÃO SE BASEIA POR VISTAA!!!!

O amor sobre o qual eu tento escrever
O amor que NÃO DÁ pra descrever!!
O Amor com o qual quero te amar..
O Amor que eu quero te ofertar
O amor que vai me sustentar
O amor que também te sustentará
O amor que sobreviverá
O amor que me faz mudar
  o amor é dom supremo!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Hänsel und Gretel

João,     só vivia dentro de si, organizado.
             só vivia dentro
             só vivia
             só   via
             só
                     ia.
                    ria
              amar
                maria
        e      maria   muda tudo.
        e                           tudo
        era   maria.

João e      Maria.

O descompasso era evidente, as rimas foram sumindo.
Com a forma se esvaindo, ponderou sua poesia.

     Quem diria,
     João Tão seguro,
     Agora morria
     às avessas, em versos.
     Brancos ou não.
     Afogado em ideias
     Só escrevia,
     Pensava e lia.
     Seu                      ar.
     Seu                    mar.
                           


                               Maria.
 
-joão

"o caminho de volta pra casa não é assim tão fácil"

domingo, 18 de maio de 2014

Serendipidade

I

Nus, meus pés não sentem frio. Em cada passo, um novo chão.
Sinto cada grão, cada textura.
Sinto o vento, sinto você. E mais coisas que não posso ver.
Sinto tanto, sinto muito. Mais ainda que o mundo.
Sinto nada, sinto cada exagero que desaba
em minha mente, de uma vez só.

II

'In vino veritas'
meu vinho é a vida.
Bebo quando penso.
Exagero quando escrevo,
e bêbado, surgem os sentidos:
duplos, triplos, ambíguos em si.
cheios de se...

 III

Se Kairós é quando o tempo e o espaço convergem para a ação.
Que dirá o coração. Que anda atrasado no tempo e perdido no espaço.
Ainda assim não lhe falta momento oportuno.


domingo, 11 de maio de 2014

Checkmate




As peças já estão no tabuleiro..

E eu não tenho tempo. 
Não que esteja com pressa, Simplesmente não o tenho. Me falta.
Tudo se resume à peça. Assim, bem fatalista.
Sou o rei, o bispo, o cavalo e o peão.
Múltiplas personalidades pra alguém teoricamente são.

Algumas considerações relevantes :

1) As peças em silêncio não se movem
2) Não importa a jogada quando você está disposto a empatar.

Ah se as peças fossem uma só...
Mas não, somos fragmentados, funcionais.
Pego no peão que tenho na frente e te dou..
você me dá seu coração..
Assim, minha mente fica desprotegida ali no canto..
....
1)Estar em silêncio é estratégico, é formal.
É pausa, hífen, vírgula, reticência fechada.
Silenciar é dar um tempo para que o outro jogue, ou para que
você mesmo reorganize suas peças no tabuleiro.

2) Empatar é inevitável. Quanto mais coração,
Menos torres, menos bispos, menos lógica.
As palavras estão no tabuleiro,
não quero me desfazer delas, tampouco superar as suas.
Prefiro um tabuleiro cheio.

Checkmate
o rei está morto, o jogo perdido, a dama só olha
o bispo iludido, o cavalo de tróia, o peão coagido
só volta à caixa mandado ou perdido.

Algum tempo depois
As peças repousam, a mente relaxa..
e voltam completas
e jogam,
e caixa.




sábado, 3 de maio de 2014

Salvador Dalí




I am the time himself, 
in an old watch that is running to stop.

tic tac, knocks my heart.
The door ? i'm still looking for it
Running or not, i'm out
out of the box, 
thinking about the same things..
so far, so good.

I am the watch himself, 
in an old time that is running to stop.
But time is abstract, like an ideia, like love
never ends.





domingo, 27 de abril de 2014

- O estranho caso de um garoto

...


Passos largos, pensamentos compridos...
quase flutuava sobre aquele asfalto molhado.
absorto, imerso, sóbrio.
o som dos automóveis desaparecera há muito
a mulher ruiva, o senhor de camisa xadrez, o casal sentado no banco ao lado
não via nenhum deles.
Ao longe, no horizonte cinza, retangular, o sol se punha, tímido.
Mas o abraçava. Seus raios, trêmulos, tênues, iluminavam o seu lado esquerdo.
o lado do coração.

A rotina passava ao lado, mas já não o tocava.
Naquele momento, tudo era sol, música, ela e Deus. 
A mulher riu, o senhor não viu e o casal sentiu quando o homem,
no auge dos seus 30 anos, sumiu.

Morrera às avessas. 

O sol já tinha ido, quando o menino reapareceu.
Seus cabelos brancos haviam sumido. As rugas, nem sequer existido.
Prendeu o fôlego, e com um só suspiro devolveu todas as preocupações para fora
para o horizonte cinza escuro que se estendia à sua frente.
Um riso contido no canto do lábio indicava o que seus olhos já denunciavam há horas :
Uma alegria infante, quase que suspeita, irracional.
Irradiava em seu coração, preenchia seus pulmões, anestesiava sua mente.
Ele próprio virara sol, e todas as outras 6 notas.

Tinha essa estranha habilidade, o garoto.
Transformar rotina em raridade, cinza em azul celeste, poente em nascente.
Não era incólume às preocupações, decepções, mentiras, ruídos
Envelhecia a cada golpe, por dentro.
No seu mundo interior, chegava aos 30, em quase uma semana, mesmo tendo 20.
Ainda assim, desenvolvera, não se sabe como, um jeito de burlar o inevitável.
talvez fosse o sol, a música ou ela.

Ela era linda, e estava presente nos seus dois mundos
Assim como a música, mas de forma mais intensa, menos lógica.
"Deus meu, obrigado."
e o som dos carros crescia gradualmente,
a mulher ruiva, o senhor de camisa xadrez e o casal no banco haviam passado.
mas ele não. Ele permanecia.

Era tarde da noite e as estrelas deslizavam pelo céu
enquanto o garoto se viu em frente a casa.
Apertou a campainha uma só vez, talvez nem fosse preciso.
A porta se abriu e ele sorriu mais uma vez.

sábado, 12 de abril de 2014

Diálogo I

      ...

r - Alô ?
c - Alô, sou eu.
r - (suspiro), não quero mais saber de você..
c - Eu sei.
r - Então por que ligou ?
c - Não pude evitar.
r - (respira fundo), não podemos mais ficar juntos, não depois do que aconteceu.
c - mas, mas.. eu nasci para estar com você.
r - Não vem com essa. Falácia !
c - o que significa isso ?
r - vês ? é disso que estou falando. Somos completamente diferentes.
c - E qual seria a graça se a gente fosse igual ?
r - Não é pra ter graça. Um relacionamento exige maturidade e equilíbrio.
c - ...e também sensibilidade e compreensão.


r - Se eu for levar em conta todas as suas opiniões, serei um tolo! 
c - Se não levar nenhuma, vai estar sozinho.
...
c - a razão não é auto-suficiente. Vc tem limites. Sozinho, vc tira a emoção da vida.
r - Você acabou de citar Pascal e Nietzsche.. na mesma frase.
c - (riso bem baixo) eles tinham coração. Aposto que eram amáveis e engraçados.
r - (riso contido), você tem que ler mais..


c - Alô ? ainda está aí ?
r - estou pensando..
c - não pense muito.
- (suspiro longo) tudo bem. 
- tudo bem o quê ?
r - vamos falar pro garoto que ela é a garota certa.
c - e aquele papo de que "precisamos estudar, trabalhar..", "ela nem é do meu tipo", "não tenho tempo."?
r - deixa pra lá, daremos um jeito.
c -  já dizia um velho ditado : O coração tem razões que a razão não conhece.
- ..Pascal de novo.. e é engraçado que você só lê o que lhe convém...
c - não enche o saco.

(razão e coração)





quarta-feira, 2 de abril de 2014

Melhor hora do dia


A meia noite, tudo corre.
Deitado, já não tenho mais os pés no chão.
É quando o sonho vem antes de dormir e, ao fechar os olhos,
processamos todo esse caos. A razão vai se misturando.. diluindo.
E caímos em nossas ideias.. mais do que isso.. nos tornamos uma.
Ao contrário de quando estamos atuando, ao dormir os seus sentimentos negam você e não o contrário.
O palco é deles, e você é mais um na peça.
Não somos personagens. Somos texto, versos e interpretações.

De noite, tudo passa mais devagar.
Aí está a ironia..
A luz do quarto se apaga e somos obrigados a olhar para dentro.
Reviramos tudo em busca de algo ou alguém.
A noite segue e sempre dou um jeito de olhar pra cima.
"Pensamentos são estrelas que não consigo arrumar em constelações"
brilham de tal forma, que mesmo a noite, podemos ver tudo.
.refletimos.
E quanto mais vamos para dentro, mais expandimos.
Tudo parece possível e é mais um daqueles momentos em que você parece infinito...
...e é.

O fato é que
apontamos para o céu e não percebemos que as estrelas estão aqui do nosso lado.
E quantas delas passam desapercebidas.
Já cheguei a ver milhões de uma só vez em um olhar.
bilhões ao pensar nisso essa noite.

A melhor hora do dia é aquela em que você decide olhar para dentro, por um instante,
e assim, vendo um universo inteiro, nota uma estrela que seja.
 E a faz uma constelação.. 

..no seu próprio coração!


domingo, 16 de março de 2014

Ilhas


Onde estão as pontes ?
Andei
E ao estreitar meus olhos vi ilhas,
elas sempre estiveram lá.
De todas as formas e tamanhos
com suas próprias leis e costumes.
E o mar, um só.
Alimentando, dividindo e dando forma.

Agora, estou em um ponto alto
Todas as ilhas possuem um lugar assim.
Quando subo, fico fascinado pela visão de
outras pessoas fazendo a mesma coisa.
Não são muitas, seja porque a maioria está
ocupada com seus afazeres no centro ou pelo
incômodo da subida.

Daqui, tem-se uma noção geral de tudo!
Ontem, vi uma garota em uma ilha próxima.
Ela lia um livro, observava o mar, as ilhas, as estrelas..
..fiquei atônito. Acenei. Ela sorriu, se deu conta de algo e correu.
Ela tinha uma história e eu até que queria fazer parte dela.
Mas isso foi ontem..

..daqui, vejo pontes e muros. Eu mesmo já construí alguns. Mesmo que
mais seguras, as ilhas muradas tendem a desaparecer, aos poucos e
de dentro pra fora. Pelo menos foi o que eu li em algum lugar.
A maioria culpa o mar.
Alguns poucos, as ilhas.
Hoje, eu só observo. E me vejo olhando, de vez em quando,
para aquela ilha próxima, na busca por mais um sorriso.